Neste dia(01), após a Liturgia da Palavra, em que se
proclama o trecho do Evangelho em que Cristo recomenda a oração, o jejum e a
esmola como exercícios de conversão (cf. Mt 6,1-18), realizou-se o rito da
imposição das cinzas. Elas são sinal de penitência, no sentido de conversão. A
conversão consiste, sobretudo, no reconhecimento de nossa condição de criaturas
limitadas, mortais e pecadoras. No gesto de imposição das cinzas sobre a cabeça
das pessoas, o sacerdote ou o ministro diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
A conversão consiste em crer no Evangelho. Crer é aderir a ele, viver segundo
os ensinamentos do Senhor Jesus. Pode-se usar também a fórmula tradicional:
“Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar”. Numa das orações de bênção das
cinzas se diz: “Reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos,
pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova,
à semelhança do Cristo ressuscitado”.
A origem das cinzas usadas tem seu significado. Elas
são preparadas pela queima de palmas usadas na procissão de Ramos do ano
anterior. Lembram, portanto, o Cristo vitorioso sobre a morte. A palma é
símbolo de vitória e de triunfo. Assim, se os cristãos aceitam reconhecer sua
condição de criaturas mortais, e transformar-se em pó, ou seja, passar pela
experiência da morte, a exemplo de Cristo, pela renúncia de si mesmos,
participarão também da vida que ressurge das cinzas.
Certamente não é fácil aceitar ser cinza. Contudo, a fé
em Jesus Cristo ressuscitado faz com que a vida renasça das cinzas. Jesus
Cristo faz brotar a vida, onde o ser humano reconhece sua condição de criatura
necessitada da ação de Deus. É entrar na atitude pascal.
Esta páscoa se vive na conversão, através dos
exercícios da oração, do jejum e da esmola.
A imposição das cinzas não constitui um mero
rito a ser repetido a cada ano. É celebração da vocação do ser humano, chamado
à imortalidade feliz, contanto que realize o mistério pascal de morte e vida em
sua vida fraterna.





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