Sabemos que,
estamos vivendo os últimos dias da Igreja na Terra. Estes dias são trabalhosos, como vaticinou o
apóstolo Paulo quando escreveu a Timóteo: Sabe porém isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos, porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (2 Tm 3:1-4). Como nunca antes, a família tem sido atacada
de todas as formas e com todas as armas malignas possíveis. Valores fundamentais da família são deixados
de lado, porque a sociedade em que vivemos experimenta a mais profunda crise
ética de todos os tempos. O certo é tido como errado, antiquado e ultrapassado.
Enquanto o que é errado é aceito como certo, usual e corrente.
Os pais,
entretanto, são muito mais do que os mestres, pois são os que cooperam com Deus
para que se transmita o dom da vida dos filhos e para que estes sejam educados
para a vida na sua integridade e totalidade.
“Todo o mundo sabe que os mestres têm uma
tarefa cansativa e frequentemente heróica, mas não é injusto recordar que nesse
sentido têm uma tarefa excepcionalmente feliz”.
O Papa
Francisco, na sua Mensagem, começa por se deixar inspirar pelo “ícone
evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56) e centraliza a sua atenção
na “resposta à saudação de Maria” que “é dada pelo menino, que salta de alegria
no ventre de Isabel.” “O ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação,
feita de escuta e contato corporal” – sublinhou o Santo Padre que refere ser
esta uma “experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma
mãe”.
Recordando
a Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” o Papa reafirma que a família “o
espaço onde se aprende a conviver na diferença”. Antes de mais as “diferenças de
géneros e de gerações” que nos fazem aperceber de que “outros nos precederam” e
“nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida”.
A Mensagem
do Papa apresenta a família como um ambiente de comunicação “onde se transmite
“aquela forma fundamental de comunicação que é a oração”. É na família que “a
maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que,
no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus” – frisa o Santo
Padre que refere ainda que é na família que se vive a “comunicação enquanto
descoberta e construção da proximidade” onde se vive a capacidade de “abraçar,
apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre
pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes”.
A família é
também uma escola de perdão – escreve o Santo Padre – o perdão que é “uma
dinâmica de comunicação” que permite ensinar uma criança “a ouvir os outros, a
falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos
outros” permitindo que esta criança se torne num construtor de diálogo e
reconciliação na sociedade.
O número 68
aborda o tema concentrando-se na dependência da internet e das redes sociais e
nos problemas relacionais consequentes:
“A
televisão, os smartphones e os computadores podem se tornar um impedimento real
para o diálogo entre os membros da família, por alimentarem relações
fragmentadas e alienação: mesmo na família, verifica-se a tendência ao uso
crescente da tecnologia na comunicação. Deste modo, acabam-se vivendo relações
virtuais entre os membros da família, nas quais os meios de comunicação e o
acesso à internet substituem cada vez mais as relações reais […] Existe a
possibilidade de que o mundo virtual se transforme em uma autêntica realidade
substitutiva […] As respostas destacam reiteradamente que estes instrumentos se
apoderam inclusive do tempo livre da família”.
A relação entre os meios de comunicação e a família é tocada na segunda parte do documento (intitulado “A pastoral da família perante os novos desafios”), em especial na seção “Situações críticas internas à família”. São dois os números que falam mais especificamente sobre “Dependências, meios de comunicação e redes sociais”: o número 68 e o 69.

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